Viajar é um privilégio.

Se você pode viajar, agradeça: você é um privilegiado. Esse é o maior sonho que nunca se realizará para muita gente

Viajar é um privilégio.

 

Viajar é um privilégio, um grande privilégio!

A grande verdade é que, não importando o quanto se queira ou goste de viajar, isso não é para todos. Seja por questões financeiras, psicológicas, familiares ou outras circunstâncias pessoais e profissionais, viajar está fora do alcançe da maioria das pessoas no mundo.

Eu nasci em uma família que gostava de viajar, quando eu tinha 12 anos, meu pai resolveu fazer uma viagem de carro por todo o Brasil. Saimos do Rio Grande do Sul e fomos até Belém do Pará, ida e volta em 30 dias, literalmente cruzando o Brasil de sul a norte, indo por Brasíli, voltando pelo nordeste e litoral. Na época isso era algo bem fora do comum, até meio impensável. Praticamente ninguém fazia longas viagens assim, ainda mais de carro.
Tiveram algumas cidades interioranas em que chegamos que nãoacreditavam que vínhamos do Rio Grande do Sul. Algumas, então, nem hotel tinha o que nos obrigava a pernoitar no carro ou como convidados do "coronel" local.
Bom, esta foi a minha iniciação em viagens. Apenas seis anos depois refizemos a mesma viagem e tudo era diferente, especialmente porque nossa visão mudara.
A minha vida na aviação me trouxe asas e, aí, o mundo ficou pequeno.

Como diz o título deste artigo, viajar é um privilégio e eu tive esta sorte, mas esta não é a regra, não é assim que acontece com a maioria das pessoas. Falo daquelas que gostam ou querem viajar; poucas tem facilidade, especialmente com o apoio e incentivo da família.
Viajar começa com uma disposição de ânimo e um estado mental que nos predispõem a encarar o desafio da viagem; a gente sente a inquietude, vê uma foto, reportagem ou relato de alguém sobre algum lugar e aquilo cola na mente da gente e vai crescendo; viajar começa a ser um plano tomando forma na nossa cabeça e no coração. Parece até paixão nova, daquelas que faz a gente pensar o tempo todo sobre.

Há aqueles para quem nenhuma mudança de mentalidade, cortes de gastos ou dicas orçamentárias os ajudará a viajar — aqueles que estão doentes demais, têm pais ou filhos para cuidar, enfrentam grandes dívidas ou trabalham em várioss empregos apenas para pagar o aluguel e sobreviver.

Se você pode e viaja, não importando a frequência ou intervalo de tempo entre as viagens, renda graças, você é um privilegiado!

Se você pode e não viaja, repense sobre a sorte que tem nas mãos e não usa, e, quem sabe, aventure-se, faça pelo menos mais uma viagem com amigos ou parentes. Há um mundo inteiro lá fora esperando por nós!

Vá sozinho, vá com alguém ou vá em grupo, mas vá! Somente o tempo mostrará o quão acertada foi a sua decisão de desbravar o novo e conhecer a si mesmo em situação igualmente nova.

 

Um fato pitoresco

 

Alguns anos atrás, creio que em 2015, numa das minhas viagens encontrei uma senhora chamada Araci. Ela tinha 81 anos e dividimos poltronas no ônibus turístico de Alexandria ao Cairo, no Egito. Não era a minha primeira vez, mas para ela sim. Viuva, tinha passado sua vida toda em Santa Catarina e agora rodava o mundo gastando o que juntara com seu falecido esposo. Ela também gastava os anos de vida que lhe restavam vendo o mundo.

Em nossa conversa durante a viagem aprendi sobre a fugacidade da vida e a tempestividade de tomarmos algumas decisões. Tudo o que ela e o esposo protelaram, agora ele estava vivendo sozinha. Por sorte lhe sobrava saúde e disposição.

Voltamos a nos reencontrar em Dubai semanas depois e me despedi de uma jovem idosa amiga que tinha um brilho nos olhos que somente quem vê as maravilhas do mundo e se redescobre para a vida o adquire. Viajar é isso, nos renova e aumenta horizontes.